domingo, 22 de junho de 2008

Amigo

Airton Mendes (06/2008)

O amigo é a solução:
Para a solidão do baile
Para dizer o que penso
Para quem só lê em Braile
Para emprestar o lenço
Para recordar os velhos tempos
Para ouvir os discos antigos
Para lembrar que ainda é cedo
Para fazer novos amigos
Para dividir a cerveja no bar
Para lamentar a paixão perdida
Para entrar no jogo sem pagar
Para a conta dividida
Para tantos problemas
Certos ou errados
Com ou sem razão
Pouco importa o vetor, o sentido, a direção
O amigo é sempre a solução
Para qualquer equação

quinta-feira, 5 de junho de 2008

POÉTICA ( Manuel Bandeira )

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras, sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções, sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos, sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Poilítico
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber de lirismo que não é libertação