sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Cantiga para não morrer

Ferreira Gullar
( em "Dentro da noite veloz")
Quando você for se embora
moça branca como a neve
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
menina de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

sábado, 11 de outubro de 2008

Hay que hacer una revolución

(Para Wagner Lino)
Airton Mendes (10/2008)

Na noite falsamente calma,
Na solidão de minh’alma,
Percebo esta contradição.

No dia a dia modorrento,
No abstrato cheirando a cimento,
Vou sofrendo a transformação.

Mudar de casa, mudar de vida,
Trocar as roupas, a paixão, a comida,
Alterar o rumo, a meta, a direção.

Não aceitar regras, dogmas, nada de absoluto,
Questionar o mundo, Deus, tudo,
E, na negação, enxergar a verdadeira missão.

Forjar com lágrimas e suor uma nova realidade,
Do sol: a claridade, das palavras: a verdade,
O correto sempre, com precisão.

Nada de novo sem lastro,
Nada de caminho sem rastro,
Nada de perdão sem lição.

No horizonte um novo caminho,
Construído com lágrima e carinho,
Com indivíduo e multidão.

Muito há que se fazer.
Muito há que se aprender.
Porque Revolução é contradição,

É transformação e direção,
É missão e precisão,
É lição e multidão.

Poesia, pois é, pois fomos à bienal