domingo, 31 de maio de 2009

CATADORES DE SONHOS

Airton Mendes (05/2009)
Recolher os restos
As sobras do progresso
Migalhas da grandeza
Não foram para baixo do tapete
Tanto incomodam agora
E sempre, e sempre

Roupas que outros corpos vestiram
Sapatos de outros pés
Cigarros de outras bocas
Governos de países distantes
Se mostram na parede
E sempre, e sempre

A vida vai passando
Vai o dia, vem a polícia
Vai a noite, vem a fome
Vão os carros, vem o frio
Amanhã tudo se repete
E sempre, e sempre

Os sonhos, todos eles,
Vão dentro da carroça
Que vazia está
Sempre.

Incidências

Airton Mendes (05/2009)


A poesia me prende à vida
Como ao dono está preso o cão
Como a morte prende o suicida
Como o amor prende o coração

A vida me mostra a liberdade
Como liberto deve ser o povo
Como a criança na tenra idade
Como necessário é o desejo do novo

A liberdade me mostra o caminho
Por onde devem passar meus companheiros
Pois sem eles o poeta está sozinho
E o caminho se perde por inteiro

Pois caminho só existe
Se o povo por ele caminha
E a trilha ao tempo resiste
E a poesia nunca estará sozinha