sábado, 28 de novembro de 2009

Dois pequenos tesouros de Manuel Bandeira

O IMPOSSÍVEL CARINHO

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
-Eu soubesse repor-
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!


O ÚLTIMO POEMA

Assim eu quereria o meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intensionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação

sábado, 21 de novembro de 2009

Cinquenta Anos

Para “seu” Amaro e “dona” Graça em
homenagem às suas bodas de ouro

Airton Mendes (11/2009)


Como medir o amor?
Como definir o companheiro?
Senão pelo suor derramado
Senão pelo tempo passado
Na luta diária no mesmo trabalho
A união expressa na comunhão
Dos calos formados nas mãos

Existe maneira mais concreta
De se quantificar o amor?
Senão pela forma correta
Da medida do suor?
Senão pelo tempo passado
Alegrias e tristezas lado a lado?

Que são cinqüenta anos?
Um grão de areia na medida do mundo
Mas, quantas histórias, quantas lembranças,
Quantas pessoas, quantas andanças
E isso é vida!É a certeza de se ter
Tanto caminho percorrido
E tanto mais a percorrer.

A hora é esta!
Um momento tão raro
Pede alegria, pede festa
Pede vivas a “seu” Amaro
E outros tantos vivas à “dona” Graça
Pois da vida, este é o sentido:
Quando um ser ao outro abraça,
Quando tudo é dividido.