quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Cena de buteco


O axé se arrasta
irritantemente
letra infinda
melodia única

Um casal para, olha
mesa na calçada
- cerveja e maria-mole

beijo e morte sobre a geladeira
corte
dezenas de policiais cercam
um grupo de professores
na grande avenida
um grito:
porra zé, desliga essa merda
e aumenta o som do axé
... e a paz volta a reinar no buteco

Algo



Nada  além de massa,
algo de ato e pouco de coisa
a ouvir, provar,  enxergar
definir o que, pelos sentidos
apresenta-se

Bicho movido a sons
tento mostrar-me ao mundo, que não
em nenhuma atmosfera, me faz respirar:
Sufoco, engasgo, ato, retrato...

 muito se faz, tudo e nada
perdição, caminho, atalho, estrada
desejo de andança, cama, descanso
atraso e descaso

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Cidade Solidão 2



Liège, 09/2015 


Esta cidade tem muito disto:
Solidão de quintais e ventos
Desencontro de sorrisos e gestos
Línguas e pensamentos
...
A nudez da poesia tem o dom de ferir o verbo
Abraçar o errado e desafiar o certo
Mas, ainda assim, o poeta está só
E o gosto salino impregna o seu poema
Molha sua boca e derrete a tinta das palavras.




terça-feira, 10 de março de 2015

Visões da calçada



Esperar, esperar

Brisa de gente, cheiro de pão
Homens a cavar intermináveis subterrâneos
(Túneis de nenhum lugar)
Semáforos direcionando o fluxo do monóxido
Gente com pressa, gente desconexa
E a roda do mundo a girar

Devagar,
Cada dia mais

Devagar