"Todo escritor acredita na valia do que escreve. Se mostra, é por vaidade. Se não mostra, é por vaidade também." Mário de Andrade
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
O sol da cidade
A cidade está desperta
E, rosto sob a coberta
Aproveitas o último segundo
Do sonho que será esquecido
No instante advindo
É quando terás que enfrentar
O sol a iluminar
O teu rosto rugado
O teu corpo cansado
Os teus pés disfarçados
Disfarce de bailarina
Que o sol, impassível, ilumina
Deixando porém entrever
Para poucos olhos
O retrato do vilão sob a menina
Edifício São Vito
Airton Mendes
09/2011
09/2011
Finalmente demoliram o velho edifício
Depois de meio século
O estorvo de 27 andares foi ao chão
Liberaram um pedaço de céu
Um facho de sol
Um ponto de vista
Muitos pontos de fuga
Enterraram o feio prédio
E espalharam sua gente feia
A poeira subiu
E com ela as histórias
A poeira dissipou-se
As histórias ainda estão no ar
Talvez até a próxima construção
Talvez para sempre
Depois de meio século
O estorvo de 27 andares foi ao chão
Liberaram um pedaço de céu
Um facho de sol
Um ponto de vista
Muitos pontos de fuga
Enterraram o feio prédio
E espalharam sua gente feia
A poeira subiu
E com ela as histórias
A poeira dissipou-se
As histórias ainda estão no ar
Talvez até a próxima construção
Talvez para sempre
cidade natural
Airton Mendes
(07/2011)
(07/2011)
Está lá, não há como negar
Está lá e é você
Você, rotulado, numerado,
arquivado, identificado...
Você, o numero 13.110.307
Também conhecido como
Airton Gonçalves Mendes
Natural de Santo André
Naturalmente vieste ao mundo nesta cidade
Naturalmente fazes parte dela
Juntamente com tudo
Que a cidade naturalmente tem
É natural da cidade
O barulho, o medo, o odor e o terror
O mendigo, a favela, o dever e o poder
Sua mãe, seu pai, seu tio e o rio
O rio que nascia na rua ao lado
Hoje está entubado,
Sem respirar, sob o asfalto
Da natural avenida
E tudo é natural nesta cidade
Como a morte
Naturalmente morreram seu pai e seu tio
Naturalmente morrerá você
Como naturalmente morreu o rio
Naturalmente também morrerá esta cidade
Um dia...
Está lá e é você
Você, rotulado, numerado,
arquivado, identificado...
Você, o numero 13.110.307
Também conhecido como
Airton Gonçalves Mendes
Natural de Santo André
Naturalmente vieste ao mundo nesta cidade
Naturalmente fazes parte dela
Juntamente com tudo
Que a cidade naturalmente tem
É natural da cidade
O barulho, o medo, o odor e o terror
O mendigo, a favela, o dever e o poder
Sua mãe, seu pai, seu tio e o rio
O rio que nascia na rua ao lado
Hoje está entubado,
Sem respirar, sob o asfalto
Da natural avenida
E tudo é natural nesta cidade
Como a morte
Naturalmente morreram seu pai e seu tio
Naturalmente morrerá você
Como naturalmente morreu o rio
Naturalmente também morrerá esta cidade
Um dia...
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