segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cidade fantasma

Airton Mendes (07/2011)

Da infância, lembro-me de Santa cruz
e do seu lamacento Rio Pardo

Das suas águas frias
Do medo de pular da ponte
Das frutas na porta da vendinha
Do cinema sempre fechado

Na praça, imponente,
o Clube dos Vinte
determinava quem e quantos
ali mandavam

Ainda guardo a velha fotografia
Os irmãos abraçados
a igreja envidraçada
o sorriso clicado

Existiam as garotas, tantas e lindas
(e menino de cidade grande lá fazia sucesso)

Existia o sorvete
Existia o sítio
Existia o cavalo
Existia a funerária

E existia Maria
minha querida avó
minha avó cigana
minha “vó” Maria

Da casinha aconchegante
Das comidas deliciosas
Do sorriso
Do carinho

Maria, nossa cúmplice
escondia nossas artes
Competia com mamãe
Quem era mais mãe?

Nem avó nem mãe
Maria era a cidade
Santa cruz morreu com ela...

Nenhum comentário: