sábado, 12 de abril de 2008

Subversos

Airton Mendes
(12/2007)
No reverso do meu verso
Guardada em desalinho
Está a subversão, conceito inverso
De todo o "fácil" do caminho

Subverter, os de baixo pra cima
Subverso, poesia de chão
Consciência, visão que ilumina
A rima entre poesia e pão

Poesia de povo, poesia crua
Na dificuldade do verbo, faz-se vida
Explode na garganta, ganha a rua
Torna-se forte, madura, crescida

Subverter a poesia, subverter a vida
Sobreverter alegria, amizade e amor
Por toda a imensa avenida
Onde passam ódio, inveja, mentira e rancor

Dos porões conceituais da burguesia
Desafiando a rima, quebrando a métrica
Levanta-se uma nova poesia
Subversiva, ultrajante, sintética

É a poesia da vida, a poética diária
Do dia-a-dia, da casa, do trabalho
Da consciência revolucionária
De no caminho não existir atalho

Um comentário:

Nancy Romanelli disse...

JÁ DIZIA MILTON:"Amigo é coisa pra se guardar..." Bárbaro, Airton! Vou repetir o que já te disse um dia: "Acho que tua poesia toca, é poesia que sai da alma, é visceral... "Subversos" é algo incrível, adorei esse jogo de significados... nela você conjuga crítica literária e social, e também brinca com palavras e significados, usa da métrica e da poética e faz a crítica a elas, explicitando e embutindo sentidos... Incrível mesmo... Você traz o marxismo nas veias, Airton: fala de amor, na perspectiva da dialética; fala do trabalho, na perspectiva da crítica ao trabalho alienado; e, pela rima, faz crítica à luta de classes, subvertendo com versos a lógica social dominante..."
Parabéns, amigo!
Dá uma olhadinha no meu novo blog
http://www.toda-prosa.blogspot.com/ (Ailton me supreendeu novamente com suas habilidades virtuais...), veja o que acha... Gostei desse jeito da gente fazer blogs interconectados....
Beijos pra você, Lúcia e Regina!
Nancy